Mulher negra e prisão: A interseccionalidade como ferramenta analítica

Pesquisadora: Camila Simões

A mulher negra ocupa a base da pirâmide social e é vítima de violências e injustiças na sociedade brasileira. O presente estudo se fundamenta no feminismo negro e discute a interseccionalidade enquanto ferramenta que permite análise das opressões de gênero e raça no sistema prisional feminino brasileiro. Procura responder às seguintes questões de pesquisa: De que forma a interseccionalidade pode ser utilizada como ferramenta analítica na compreensão de vivências da mulher negra? O que a análise interseccional entre gênero e raça revela sobre o sistema prisional feminino no Brasil? Na busca por responder às questões propostas para o estudo o objetivo geral assim se configura: analisar a interseccionalidade enquanto ferramenta analítica para compreender o significado de ser mulher negra para o desvelamento de opressões de gênero e raça no sistema prisional feminino brasileiro. Os objetivos específicos são: anunciar/desvelar epistemologias e linguagens em pesquisas acadêmicas como formas de transgredir discursos opressivos; analisar as relações étnicoraciais no Brasil; discutir o movimento feminista e os avanços do feminismo negro na proposição de análises interseccionais; revisitar as questões de gênero, raça e privação de liberdade utilizando a análise interseccional como ferramenta analítica. Na primeira parte do estudo se discute epistemologias e linguagens, a íntima relação entre saber e poder, evidenciando a existência de um racismo/machismo epistemológico que pode e deve ser questionado como o único nas pesquisas acadêmicas. No capítulo sobre relações raciais no Brasil, procura-se analisar o mito da democracia racial problematizando a violência do racismo institucional. A terceira parte se dedica à contextualização do movimento feminista, a apresentação do feminismo negro e sua proposta de análise interseccional como possibilidade de conferir maior visibilidade para as práticas de opressão vivenciadas pela mulher negra. Nesta etapa, apresenta-se o levantamento de pesquisas sobre gênero e raça junto ao Banco de Teses e Dissertações da CAPES, que utilizam a perspectiva interseccional como ferramenta analítica e os documentos com dados estatísticos sobre a população carcerária feminina. A última parte, ainda em construção, sinaliza os caminhos que se pretende trilhar nas próximas etapas da pesquisa com vistas a uma análise interseccional da atuação das opressões de gênero e raça no sistema prisional feminino. Palavras-chave: Interseccionalidade, Mulher Negra, Sistema Prisional Feminino.